quarta-feira, outubro 28, 2009

Aprendendo com Sisifo o Valor do Trabalho


Na literatura grega Sísifo foi condenado a empurrar eternamente uma pedra até o topo de um monte apenas para vê-la rolar até embaixo novamente, uma comparação funesta para muitos trabalhos modernos: fúteis, sem esperança e repetitivos. Camus tenta extrair da estória homérica as circunstâncias exatas que levaram a este extremo castigo. A lenda declara que Sísifo contrariou os deuses, que ele não os levou a sério e tentou roubar os seus segredos. Outra lenda traz que Sísifo conseguiu prender a morte em cadeias e que foi punido por isto por Plutão. Para Camus, a negativa de Sísifo da morte e dos deuses faz dele o mais absurdo dos heróis, e seu castigo igualmente a maior metáfora para o homem existencial. Para Camus, o momento chave no castigo de Sísifo está naquele instante em que a pedra rola monte abaixo e Sísifo sabe que ele deve ir atrás dela e tentar, em vão como sempre, empurrá-la para o alto do monte e além. Para Camus, este é o momento da consciência adquirida. Cada um de nós deve, em algum momento, vislumbrar o conhecimento e chegar à conclusão de que não importa quão duro a gente trabalhe, estamos fadados a falhar no sentido de que mais cedo ou mais tarde morreremos. Sísifo, como o homem, é rebelde mas incapaz, e é naqueles momentos de consciência que ele consegue transcendência sobre os deuses. No final das contas, Camus vê em Sísifo não a imagem de um trabalho duro contínuo, cansativo e incessante, mas a de um homem alegre que reconhece que seu destino lhe pertence. Ele e somente ele pode determinar a essência da existência. Camus termina seu ensaio com Sísifo no pé do monte, preparado para suportar exercício tortuoso e inútil de rolar a pedra monte acima uma vez mais, mas Camus não vê Sísifo como atormentado, castigado; pelo contrário, ele vê Sísifo feliz. Feliz porque descobriu o segredo da vida. A luta pelas alturas é suficiente para encher o coração do homem.
Assimo como camus, Salomão no livro de Eclesiastes descobriu que, para o homem, o melhor e o que mais vale a pena é comer, beber, e desfrutar o resultado de todo esforço que se faz debaixo do sol durante os poucos dias de vida que Deus lhe dá, pois esta é a sua recompensa. E quando Deus o concede riquezas e bens a alguém e o capacita a desfrutá-los, a aceitar a sua sorte e ser feliz em seu trabalho, isso é presente de Deus. Raramente essa pessoa fica pensando na brevidade de sua vida, porque Deus o mantém ocupado com a alegria no coração. (cap. 5:19-20) Conferir na Bíblia.
É no ápice da subida que o homem recohonçe a nessecidade de manter o momento transcendente e vislumbrar o valor da luta do cotidiano, como uma realização de suas escolhas sem ter que aceitar o castigo como sendo uma punução e sim uma superação.

Marcilio Reginaldo





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